"Eu" - 13/03/1970
Quem canta comigo chora
Quem chora comigo canta
Da vida só ponho fora
Aquilo que me desencanta
Faço versos como um cantador
Que caminha ao longo da vida
A procura de um pouquinho de amor
Para esquecer sua dor abatida
Carrego no meu peito todo aquele amor
Aquele amor que nunca veio
Só levo no rosto cicatrizes de dor
Perdoe meu Deus se tanto me odeio
Meu amor é a vida, a flor e o próprio amor
Amo através dos sonhos que não posso dizer
Perdoe meu Deus por um sonho esconder
"Tributo a Che" - 14/03/1970
Mesmo em luta ou martírios
Sou fiel ao meu ideal
Mas não sei por que guerrilho
Por uma coisa tão irreal
De bala a bala, mato quem vejo
Mato, mato e não olho pra trás
Caminho tanto e nunca chego
Num lugar onde haja paz
Se não fosse o que sou
Não seria mais ninguém
Se tu foste o que sou
Tu não serias ninguém
Mesmo matando posso morrer
Mesmo chorando sou verdadeiro
Se sou humano nasci pra sofrer
Se amo sou guerrilheiro
"Carta a uma Eva triste do paraíso sonhado por mim" - 03/04/1970
Quem és, o que és?
Não sei, não posso conhecer-te
Teus olhos brilham com o calor do sol
Teus cabelos voam com a frescura da brisa
Quem és, o que és?
Teu rosto alegria de anjo
Tua alma tristeza fiel
Teus lábios a doçura do amor
Teu corpo caminho corrido
Quem és, o que és?
Por que chorar a saudade partida?
Por que viver uma vida morrida?
Por que cantar a alegria cruel?
Quem és, o que és?
Teu todo uma forma vã
Tua beleza pela tristeza escondida
Tua vida pela morte abatida
Quem és, o que és?
Um anjo ou, o amor
Afinal, chegou!
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